Desenvolvida no sertão do Rio Grande do Norte, telha ecológica resfria mais do que argila.
Três estudantes do 3º ano do Ensino Médio Escola Estadual de Tempo Integral Tristão de Barros, em Currais Novos, no sertão do Rio Grande do Norte, desenvolveram telhas com gesso e palha de coqueiro. Além de contribuir para preservar o meio ambiente, protótipo criado pelos alunos é mais eficiente do que os produtos de argila – comuns no mercado.
O projeto é finalista do Prêmio Respostas para o Amanhã, iniciativa global da Samsung que desafia alunos e professores da rede pública de ensino de todo o país a desenvolverem soluções para problemas locais com experimentação científica e/ou tecnológica por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Da necessidade, a inovação
Localizada Seridó, região que costuma registrar altas temperaturas, Currais Novos tem cerca de 45 mil habitantes e está a 172 km de Natal, capital do estado. Os alunos encontraram na telha sustentável uma solução mais eficiente e com materiais que causem menores danos ao meio ambiente.
O protótipo é composto por água, cola, gesso, palha de coqueiro e pó de madeira, além da utilização de garrafa PET para moldar as telhas. Os jovens começaram a trabalhar no projeto no ano passado e fizeram ajustes para avançar mesmo com o desafio do isolamento social.
Para comparar o funcionamento com as telhas comuns, construíram em seus quintais duas estruturas de tijolos, com cerca de 60 cm de altura cada uma. Em uma, foi colocado o produto com argila e, na outra, o material sustentável.
“Os alunos realizaram as medições das temperaturas frequentemente ao longo do dia e constaram que a telha de material reciclável deixa a temperatura do ambiente 2ºC mais baixa do que as telhas comuns. As novas telhas também foram aprovadas no teste de imersão na água por 24h, para detectar quanto elas absorviam”, contou Vanessa Cristina de Medeiros Silva, professora de química da Escola Estadual de Tempo Integral Tristão de Barros.
“Cumprimos nosso objetivo de desenvolver uma telha sustentável e mais eficiente do que as de argila que são produzidas em larga escala na nossa região, que, além de não serem boas isolantes térmicas, ocasionam sérios problemas ambientais, como erosão e modificação da paisagem para extrair argila e desmatamento para coleta de lenha em seu processo de queima, além de liberar grande quantidade de gás carbônico na atmosfera, contribuindo para o aumento da temperatura do planeta”, completou a professora.
“O projeto desenvolvido no sertão do Rio Grande do Norte é um exemplo da capacidade do Prêmio Respostas para o Amanhã de dar oportunidade para jovens de todo o Brasil desenvolverem soluções para importantes demandas locais. Os estudantes criaram telhas com material reciclável que assegura padrões de produção e consumo sustentáveis, propondo medidas para combater a mudança do clima e seus impactos e, ao mesmo tempo, tornar as cidades mais inclusivas, seguras e sustentáveis”, afirmou Isabel Costa, Gerente de Cidadania Corporativa da Samsung Brasil.
“Todos ganham quando o conhecimento trabalhado na escola extrapola seus muros e são mobilizados para buscar soluções para problemas vivenciados em seu território. O projeto desenvolvido na Escola Estadual de Tempo Integral Tristão de Barros mostra que, com criatividade e com os recursos necessários, educadores e estudantes são capazes de se reinventar para garantir as aprendizagens a que todos têm direito”, avaliou Ana Cecília Chaves Arruda, Coordenadora de Programas e Projetos do CENPEC Educação, organização responsável pela coordenação técnica do Prêmio Respostas para o Amanhã.
A Escola Estadual de Tempo Integral Tristão de Barros já está na história do Prêmio Respostas para o Amanhã por ter sido a grande vencedora da primeira edição do programa no Brasil, em 2014, com projeto em que alunos do 3º ano do Ensino Médio transformaram lixo eletrônico, originado de peças de celulares, automóveis e computadores, em instrumentos que auxiliam a locomoção, como uma cadeira de rodas motorizada controlada por um joystick e uma bengala com sensores bidimensionais para pessoas com deficiência visual.
Respostas para o Amanhã
O projeto de telhas sustentáveis desenvolvido em Currais Novos é um dos finalistas da edição atual do Prêmio Respostas para o Amanhã. Todos os 10 contemplados já recebem mentoria online desde setembro, quando foram definidos os 20 semifinalistas, e continuarão com esse apoio contínuo no desenvolvimento da proposta até o anúncio dos vencedores, em 19 de novembro.
Mesmo em um cenário atípico de distanciamento social, o programa atraiu 1749 estudantes, 997 professores e 303 escolas públicas diferentes somente nesta sétima edição brasileira. Os temas mais explorados foram educação, infraestrutura urbana ou rural (com soluções para mobilidade e acessibilidade) e saúde (projetos envolvendo bem-estar, alimentação e combate à fome).
Ao todo, foram avaliados 521 projetos, sendo 202 (38,8%) da região Sudeste, 174 (33,4%) do Nordeste, 81 (15,5%) do Norte, 37 (7,1%) do Centro-Oeste e 27 (5,2%) do Sul.
O programa conta com uma rede de parceiros, como a representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), da Rede Latino-Americana pela Educação (Reduca) e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), além do apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
FONTE: Ciclo Vivo